quinta-feira, 7 de maio de 2015

Aumento da esperança média de vida e o impacto nos sistemas de saúde



Por: Rui Reis 

          A esperança média de vida continua a aumentar, uma tendência que se instala em todos os países desenvolvidos e embora com menos estímulo também nos países em vias de desenvolvimento. Ainda assim há nações em que a esperança média de vida não ultrapassa os 55 anos em ambos os sexos, países africanos como a Serra Leoa ou o Chade. 
Na Europa a 28, a esperança de vida é de 80.3 anos, em Portugal a média está nos 80.6 num ranking liderado pela Espanha, a quem se segue Itália e França com valores médios de vida de 82.5, 82.4 e 82.1 respectivamente. No caso Português deve-se ainda levar em consideração que em 1960 este indicador demográfico não ia além dos 64 anos, segundo dados do portal PORDATA. Globalmente esta lista é encabeçada pelo Japão onde em média se vive até aos 85.9 anos. 
Estes dados que são uma boa notícia, porque estão ligados a desenvolvimentos na área da saúde, da higiene e nas condições de vida em geral, mas que se traduzem numa inversão da pirâmide demográfica, o topo começa a ficar mais largo.



Evolução da pirâmide demográfica Portuguesa entre 1950 e 2005



Estas mudanças na pirâmide etária, uma mudança que tende a agravar-se trarão desafios as sistemas de saúde e de segurança social um pouco por todo o Mundo. A matemática é simples, são os que estão em idade activa que sustentam um Estado, e se os que estão em idade activa se tornam poucos em relação aos idosos irá faltar a liquidez financeira em todas as sociedades envelhecidas. A esperança média de vida elevada não significa sempre uma população envelhecida, mas este medidor quando conectado com uma taxa de natalidade baixa torna-se numa problemática enorme. Em Portugal a taxa bruta de natalidade era de 7.9 ‰, a média da UE a 28 é de 10.0 ‰, dados de 2013. 
O plano nacional de saúde Português já contempla esta preocupação desde 2004, o sistema de saúde português tem o “Plano Nacional Para a Saúde das Pessoas Idosas”, onde está feita a contextualização como o envelhecimento da população, nesse mesmo plano pode ler-se: “O processo de envelhecimento demográfico que estamos a viver, associado às mudanças verificadas na estrutura e comportamentos sociais e familiares, determinará, nos próximos anos, novas necessidades em saúde, lançando enormes desafios aos sistemas de saúde no que se refere não apenas à garantia de acessibilidade e qualidade dos cuidados, como à sustentabilidade dos próprios sistemas e exigindo que, ao aumento da esperança de vida à nascença, corresponda um aumento da esperança de vida “com saúde” e sem deficiência.” 
Desta maneira a saúde nacional segue as tendências mundiais no que toca à saúde dos idosos, fazendo um acompanhamento individualizado e regional das pessoas mais velhas, que têm problemas de saúde e mobilidade. Existem estudos alarmantes a apontar o elevado número de acidente domésticos que acontecem com os mais velhos, sendo portanto um grupo de risco pela fragilidade da sua saúde. 
A direcção geral de saúde tendo em conta todas as complexidades de uma população envelhecida, e com o intuito de proporcionar um “envelhecimento com saúde”, propõe um envelhecimento activo, recomendando a prática moderada de exercício físico, e uma correcta adaptação da alimentação. Recomenda ainda uma abordagem dos técnicos a problemas mais característicos de idades mais avançadas como a incontinência, e inclui exames médicos mais frequentes, enquanto combate a automedicação que se pode tornar num grave problema nesta faixa etária. Por fim este programa para a saúde dos idosos, inclui também a resolução da acessibilidade dos mais velhos aos Hospitais, um problema sobejamente conhecido principalmente nos meios rurais em que a deslocação aos Hospitais se torna um transtorno grave. 
Em teoria as normas estão tomadas, mas na prática e 11 anos depois da inclusão deste plano de saúde para idosos no plano nacional de saúde, as medidas medicinais resultaram mas o isolamento dos mais velhos continua a ser socialmente um grave problema. 

Fontes:
PORDATA
INE
TSF
Direcção Geral da Saúde




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