quinta-feira, 14 de maio de 2015

Novo acordo ortográfico obrigatório




Depois de um período de adaptação de 6 anos, após ter sido aprovado na Assembleia da Republica em 2008, entrou ontem em vigor a obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico. Apesar deste tempo de transição vale a pena relembrar quais as transformações sofridas na Língua Portuguesa.

Por: Anabela Carvalho e José Carlos Costa

O Novo Acordo Ortográfico impõe novas transformações a nível de supressão de acentos gráficos, maiúsculas ou minúsculas, supressão e manutenção do hífen, o que não se pronuncia não se escreve. Todavia não alteramos a forma como falamos, tendo em conta que o acordo não retira consoantes pronunciadas, como por exemplo, facto vai continuar a ler-se facto e não fato. Assim como a eliminação de consoantes mudas não vai alterar a pronúncia, por exemplo, espectador passa a escrever-se espetador mas continua a pronunciar-se com o “e” aberto.
A verdade é que o novo acordo ortográfico não cria nem elimina palavras, não altera o significado das palavras e não estabelece regras de sintaxe. Vamos apenas passar a escrever algumas palavras de forma diferente.
Com o novo acordo ortográfico o alfabeto passará a ter 26 letras, ao incluir as letras “K, W e  Y”, como exemplo os nomes próprios estrangeiros, Shakespeare, e os seus derivados, Shakespeariano.
As estações do ano, dias da semana e nomes dos meses passam a ser escritos na sua totalidade com minúsculas, exemplo, março, sábado, primavera. Os pontos cardeais passam a escrever-se com inicial minúscula, exceto designação de regiões, como “Vive no Norte”.
Nos títulos de livros ou outras obras, apenas o primeiro elemento tem de ser maiúscula, salvo quando contem nomes próprios neles contidos, “Memorial do convento”.
Utiliza-se minúscula inicial nas formas de tratamento (mestre André), domínios do saber (matemática), nomes de locais públicos (rua de gandarela), nomes de templos, edifícios ou monumentos (torre de belém).
Já referimos que o desaparecimento de consoantes mudas não interfere na pronúncia, mas efetivamente estas desaparecem a nível da escrita sempre que não são pronunciadas, como é o caso da palavra efetivamente que acabamos de utilizar, na qual caiu o “c” (efectivamente).
Com o novo acordo existe ainda a supressão de acentos gráficos, nos verbos da 2ª conjugação e 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo (creem), nas formas acentuadas do verbo arguir, nas palavras graves com ditongo “oi” (heroico), do acento grave em palavras homógrafas (para), mas continuamos a usar paramos e parámos.
A utilização do hífen também sofreu retificações, com este a ser suprimido em palavras prefixadas como “ante-“ e em formas por recomposição “aero-“. O hífen desaparece quando é possível o uso dos dígrafos “ss” ou “rr”, ou quando o primeiro elemento do composto termina em vogal e o segundo começa com uma vogal diferente como por exemplo, “autoestrada”. Mas a supressão de hífen não fica por aqui, com a ligação da preposição “de” com formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver, a perder também o hífen (“hei de”). No prefixo terminado por vogal e elemento seguinte começado por vogal diferente, o hífen é também suprimido como na palavra “agroindustrial”.
Por outro lado, nos prefixos terminados por vogais e elementos seguintes começados pela mesma vogal, o hífen mantém-se como “anti-ibérico”, com exceção para o prefixo “co” de “coobrigação”. O hífen conserva-se ainda em palavras de espécies das áreas botânicas e zoológicas como “abóbora-menina”.
Em Portugal, registam-se três alterações a nível de novos acordos ortográficos, nos anos de 1911, 1973 e 1990, este último encontra-se em vigor deste abril de 2009.





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