Depois de um período de
adaptação de 6 anos, após ter sido aprovado na Assembleia da Republica em 2008,
entrou ontem em vigor a obrigatoriedade do uso do novo acordo ortográfico.
Apesar deste tempo de transição vale a pena relembrar quais as transformações
sofridas na Língua Portuguesa.
Por: Anabela
Carvalho e José Carlos Costa
O Novo Acordo
Ortográfico impõe novas transformações a nível de supressão de acentos
gráficos, maiúsculas ou minúsculas, supressão e manutenção do hífen, o que não
se pronuncia não se escreve. Todavia não alteramos a forma como falamos, tendo
em conta que o acordo não retira consoantes pronunciadas, como por exemplo,
facto vai continuar a ler-se facto e não fato. Assim como a eliminação de
consoantes mudas não vai alterar a pronúncia, por exemplo, espectador passa a escrever-se espetador mas continua a
pronunciar-se com o “e” aberto.
A verdade é que o novo
acordo ortográfico não cria nem elimina palavras, não altera o significado das
palavras e não estabelece regras de sintaxe. Vamos apenas passar a escrever
algumas palavras de forma diferente.
Com o novo acordo
ortográfico o alfabeto passará a ter 26 letras, ao incluir as letras “K, W e
Y”, como exemplo os nomes próprios estrangeiros, Shakespeare, e os
seus derivados, Shakespeariano.
As estações do ano,
dias da semana e nomes dos meses passam a ser escritos na sua totalidade com
minúsculas, exemplo, março, sábado, primavera. Os pontos cardeais passam a
escrever-se com inicial minúscula, exceto designação de regiões, como “Vive no
Norte”.
Nos títulos de livros
ou outras obras, apenas o primeiro elemento tem de ser maiúscula, salvo quando
contem nomes próprios neles contidos, “Memorial
do convento”.
Utiliza-se minúscula
inicial nas formas de tratamento (mestre
André), domínios do saber (matemática),
nomes de locais públicos (rua de
gandarela), nomes de templos, edifícios ou monumentos (torre de belém).
Já referimos que o
desaparecimento de consoantes mudas não interfere na pronúncia, mas efetivamente
estas desaparecem a nível da escrita sempre que não são pronunciadas, como é o
caso da palavra efetivamente que acabamos de utilizar, na qual caiu o “c” (efectivamente).
Com o novo acordo
existe ainda a supressão de acentos gráficos, nos verbos da 2ª conjugação e 3ª
pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo (creem), nas formas acentuadas do verbo
arguir, nas palavras graves com ditongo “oi” (heroico), do acento grave em palavras homógrafas (para), mas continuamos a usar paramos e parámos.
A utilização do hífen
também sofreu retificações, com este a ser suprimido em palavras prefixadas
como “ante-“ e em formas por
recomposição “aero-“. O hífen
desaparece quando é possível o uso dos dígrafos “ss” ou “rr”, ou quando o
primeiro elemento do composto termina em vogal e o segundo começa com uma vogal
diferente como por exemplo, “autoestrada”.
Mas a supressão de hífen não fica por aqui, com a ligação da preposição “de”
com formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver, a perder
também o hífen (“hei de”). No prefixo terminado por vogal e elemento seguinte
começado por vogal diferente, o hífen é também suprimido como na palavra “agroindustrial”.
Por outro lado, nos
prefixos terminados por vogais e elementos seguintes começados pela mesma
vogal, o hífen mantém-se como “anti-ibérico”,
com exceção para o prefixo “co” de “coobrigação”. O hífen conserva-se ainda
em palavras de espécies das áreas botânicas e zoológicas como “abóbora-menina”.
Em Portugal,
registam-se três alterações a nível de novos acordos ortográficos, nos anos de
1911, 1973 e 1990, este último encontra-se em vigor deste abril de 2009.
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