19 de Março de 2015
É na estrutura genética humana que se encontra toda a informação que o ser humano vai levar ao longo da sua vida. Cada indivíduo possui uma estrutura genética única e é ela que vai determinar elementos básicos como a cor dos olhos ou do cabelo. Mas é também aqui que se podem encontrar respostas para doenças que o indivíduo possui ou pode vir a desenvolver no futuro.
É na estrutura genética humana que se encontra toda a informação que o ser humano vai levar ao longo da sua vida. Cada indivíduo possui uma estrutura genética única e é ela que vai determinar elementos básicos como a cor dos olhos ou do cabelo. Mas é também aqui que se podem encontrar respostas para doenças que o indivíduo possui ou pode vir a desenvolver no futuro.
Por:
Adriana Ribeiro e Joana Santos
As
potencialidades de conhecer e compreender as alterações, mesmo as mais subtis,
dos genes humanos, são vastas mas a principal é a possibilidade de diagnosticar
precocemente doenças hereditárias, como o Alzheimer, ou dar resposta a doenças
raras desenvolvidas através de novas mutações genéticas como o caso da síndrome
de Pitt-Hopkins. Assim surgiu o Projeto Genoma Humano (PGH) que consiste na
tentativa de mapear os genomas humanos. A iniciativa, que nasceu em 1990, tem
vindo a reunir cientistas de todo o mundo para a sequenciação dos genes, um a
um. O sucesso tem vindo a ser provado ao longo dos anos com as contínuas
descobertas dos genes responsáveis por doenças hereditárias como a fibrose
cística ou a distrofia muscular assim como doenças que resultam da conjugação
de vários genes como a asma, a diabetes ou o cancro.
Este
processo é bastante complexo e demorado, apesar dos resultados positivos, a
Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) em 2012 começou a desenvolver
uma nova técnica de diagnóstico genético. A equipa da universidade, liderada
por Stan Nelson, pôs em prática a “sequenciação do exoma”. O exoma é uma fração
do genoma (ambos componentes do ADN), onde a maioria das variações que causam
doenças genéticas se encontra. Esta evolução permite que o médico não tenha que
escolher um gene específico para analisar e num único exame é possível
investigar todos os genes. Dois anos depois de ter sido posta em prática, a
equipa da UCLA, num estudo publicado na Journal
of the American Medical Association (JAMA), conclui que a sequenciação do
genoma é mais eficiente que a realização de outros exames genéticos
convencionais e que têm potencialidades de ser incorporado como um teste mais
rotineiro no diagnóstico genético. Estes também foram os dados alcançados por
outro estudo norte-americano realizado no Colégio de Medicina Baylor, em
Houston, liderados por Yaping Yang e Christine Eng depois de sequenciarem o
exoma a cerca de 2000 pacientes.
A
sequenciação do exoma consiste na técnica para sequenciar todos os genes
codificadores de proteínas de determinado genoma, que se denomina de exoma.
Esta técnica reside na seleção do subconjunto de ADN que codifica as proteínas,
isto é, exãos. Posteriormente o ADN é sequenciado através da tecnologia da
sequenciação do ADN. O exoma é a parte do nosso ADN que contém os genes
propriamente ditos. Representa apenas 1% do genoma, mas é aí que surgem 85% dos
milhares de mutações individuais causadoras de doença, crê-se que atualmente
estão catalogadas mais de 6000. Ao contrário do genoma no seu todo, que contém
três mil milhões de “pares de bases”, o exoma contém apenas 37 milhões de pares
de bases, que compõem os cerca de 20.000 genes humanos. Com as atuais técnicas
de sequenciação genética, torna-se possível obter com relativa facilidade uma
“imagem global” das variantes genéticas que os genes de uma pessoa encerram e
com o reforço das grandes bases de dados genéticos e à descrição dos sintomas
dos doentes, associar essas variantes genéticas a doenças até aqui
desconhecidas.
Segundo um
comunicado da UCLA, existem testes de diagnóstico genético, para uma série de
doenças provocadas por mutações num único gene. Porém, estes testes escrutinam
apenas uma diminuta região do ADN, ou seja, um gene. A técnica de sequenciação
do exoma, pelo contrário, permite excluir a totalidade dos genes, à procura,
por comparação com um exoma de referência, de mutações muito raras e
potencialmente patológicas presentes do genoma.
Esta técnica
ainda apresenta algumas falhas, como mostram os estudos, porém, as hipóteses de
sucesso são maiores, uma vez que área de estudo do exoma é muito menor do que a
do genoma.
Nos estudos
que já foram feitos, os autores mostraram que a sequenciação do exoma permite
descobrir a mutação responsável em cerca de 25% dos casos. No estudo feito por
Stan Nelson e alguns colegas da UCLA permitiu mostrar que, quando os exomas dos
pais também eram sequenciados e comparados ao da criança, a taxa de sucesso na
identificação da mutação em causa subia para 41% (contra 9% quando o exoma dos
pais não estava disponível). Esta substancial melhoria da taxa de sucesso do
diagnóstico através da sequenciação de trios de exomas (criança, pai e mãe),
deve-se ao facto de muitas das doenças raras em causa serem causadas por
mutações que só é possível detetar comparando o ADN das crianças ao dos pais.
Por um lado
porque pode tratar-se de mutações novas que não estavam presentes nos pais e
que só são reveladas pela comparação. Por outro lado, porque podem ser mutações
que embora já estivessem presentes nos pais são diferentes em cada um deles.
Sozinhas, podem não provocar doenças, mas ao combinarem-se num filho no mesmo
local e no mesmo genoma inativam completamente o gene afetado, e juntas
tornam-se patológicas.
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